Difusão da falsa notícia foi criticada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que atribuiu o caso a uma tentativa de manipular o eleitor
O dia de ontem, data da realização do segundo turno das eleições no Brasil, foi marcado pelos boatos nas redes sociais. Os eleitores acordaram com a falsa notícia, divulgada na internet, sobre a suposta morte do doleiro Alberto Youssef, delator do esquema de corrupção na Petrobras, que teria sido envenenado na carceragem. As informações foram espalhadas em redes sociais como Facebook, Twitter e WhatsApp. Mesmo depois de desmentidos pela Polícia Federal, os boatos continuaram a ser disseminados, o que levou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a filha do doleiro, a psicóloga Kemelly Caroline Fujiwara Youssef, e o Hospital Santa Cruz, em Curitiba (PR), a negarem a veracidade dos rumores que inflamavam a internet. "Está tudo certo. É mentira. Ele está bem, não morreu", disse Kemelly no início da tarde de domingo. Ela mora em Londrina (PR).
Ao longo do dia, o boato pôs mais lenha na fogueira das já tensas relações entre os eleitores, divididos entre dois projetos de governo desde o início do segundo turno da campanha eleitoral para a Presidência da República. Mensagens recebidas pelo WhatsApp dando conta da morte do doleiro eram respondidas com indignação por aqueles que contestavam a falsa notícia. No Facebook e no Twitter ocorreu o mesmo. No fim das contas, depois da confirmação de que Youssef estava vivo, o boato acabou se transformado em piada. Alberto Youssef passou mal na tarde de sábado e teve de ser levado para o Hospital Santa Cruz, em Curitiba, que divulgou nota para informar que o paciente tem um quadro provável de angina instável, condição grave na qual o coração não é irrigado corretamente com sangue e que pode levar ao infarto.
MANIPULAÇÃO A difusão da falsa notícia foi criticada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que atribuiu o caso a uma tentativa de manipular o eleitor e disse que os envolvidos devem ser investigados e punidos, caso seja comprovada a ilegalidade da iniciativa. A Polícia Federal, de acordo com ele, foi orientada a investigar os boatos e deverá, "nos termos da lei", pedir autorização para apurar o caso. "Divulga-se que ele teria morrido. Não é verdade. Ele está no quarto do hospital com dois policiais federais. Então há uma tentativa de alguns de querer turvar a consciência do eleitor, o que é inaceitável. A democracia exige voto livre, consciente, sem informações que sejam plantadas em relação a uma situação dessa natureza", disse.
Em nota, a PF afirmou que a internação de Youssef se deu devido a uma queda de pressão arterial causada pelo uso de medicação para doença cardíaca, e que esta foi a terceira vez que ele recebeu atendimento médico na prisão. A nota diz que o doleiro ficará internado até seu "pleno restabelecimento", quando, então, voltará ao cárcere. Segundo o hospital, desde a tarde de sábado o quadro de saúde do doleiro é estável e ele pode ser liberado em até 48 horas. Em nota divulgada pelo hospital, assinada pelo cardiologista Rubens Zenóbio Darwish e o diretor clínico Arthur Leal Neto, os exames realizados por Youssef constatam "sinais vitais dentro da normalidade", mas necessita de observação e monitorização contínuas". Segundo o hospital, ele chegou com quadro clínico estável, apresentando sinais de desidratação e de emagrecimento importante e na avaliação inicial não apresentava sinais de intoxicação exógena e/ou por medicamentos. Segundo fonte ligada ao Santa Cruz, ele chegou a receber a visita das filhas e está mais magro 16 quilos em comparação ao período pré-prisão.
Depois que os boatos começaram a circular, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, disse, durante coletiva na sede do tribunal, que a Justiça Eleitoral não tem qualquer responsabilidade na investigação ou punição de pessoas responsáveis pela divulgação de boatos às vésperas ou durante as eleições. Segundo Toffoli, “não cabe à Justiça Eleitoral tomar medidas em função de boatos”. O doleiro foi preso em março, durante as investigações da Operação Lava a Jato, deflagrada pela PF. Ele é acusado de participar de um esquema de corrupção que, segundo a PF, movimentou R$ 10 bilhões. Assim como o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, Youssef é suspeito de atuar cobrando propina de empresários que prestavam serviço à estatal para abastecer campanhas políticas.
Em Minas, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), foram realizadas 58 prisões por ocorrência de crime eleitoral. Ao todo, 194 urnas eletrônicas foram substituídas , entre as quais 11 biométricas.
Em todo o Brasil, 451 pessoas foram presas por envolvimento em crime eleitoral, a maioria (174) no Rio de Janeiro. Os principais crimes apurados foram de boca de urna, propaganda irregular e transporte irregular de eleitores. No Brasil, 3.238 urnas, 0,7% do total, foram substituídas. Algumas seções tiveram votação manual.
Fonte:http://www.em.com.br
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