DARLAN MORAES JR.
DE SÃO PAULO
Uma das mais curiosas tradições da Inguchétia é a seguinte: depois que você se casa com uma distinta moça inguchetiana, nunca mais vai falar com os seus sogros. "Nem pelo telefone?", pergunto ao senador Akhmet M. Palankoev. "Não, nem mesmo pelo telefone", ele responde.
Palankoev explica: "O noivo deixa de falar até mesmo com seus próprios pais. Mas, neste caso, somente durante alguns dias após o matrimônio".
Segundo a tradição local, não falar com os pais da mulher está baseado em certo sentimento de culpa decorrente do fato de o noivo ter "roubado" a moça do seio familiar.
Outra curiosidade é que, no caso de você se hospedar em uma casa de nativos, a família se torna responsável por você perante a sociedade. Então, você será devidamente cuidado pelos inguchetianos, uma ótima garantia em uma região um tanto instável.
Isto é a Inguchétia
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Noiva inguchetiana prestes a ser "roubada" do seio familiar
COMO NO RIO
Falando em região, a Inguchétia --capital, Magas-- é a menor divisão administrativa da federação russa. Por fazer parte da Rússia, a república não exige visto para brasileiros. A religião é islâmica, e a população, de 400 mil habitantes.
Há muita pólvora pela vizinhança e, desde 2007, conflitos religiosos e separatistas mataram centenas de pessoas.
Mas, segundo o senador Palankoev, a situação agora é estável. Não só estável, como o político acha que já é hora de receber visitantes.
Pergunto a ele como os turistas podem se sentir seguros ao visitar o local, e sua resposta é lacônica: "Da mesma maneira que eles se sentem no Rio..."
Existem voos diretos de Moscou até Magas, onde há um aeroporto novinho em folha. Mas é fato: você sente a tensão da região. Entre o aeroporto da cidade e o hotel-spa Armhi (site em russo), é preciso passar por diversos postos militares e apresentar salvos-condutos (o hotel cuida dessa papelada para os hóspedes).
Mas, apesar de tudo, caso você escolha a Inguchétia como seu próximo destino, visitará um local intocado pelo tempo, com montanhas magníficas e uma vasta coleção de castelos e igrejas.
E o que se come por lá é o "shashlik", churrasco de carneiro com molho, feito de hortelã, alho e cebolinha.
Um acordo do governo russo com diversas repúblicas do Cáucaso garantiu, para os próximos anos, investimentos de cerca de R$ 30 bilhões em infraestrutura, tudo pelos turistas.
Realmente, o turismo ainda tem muito a se desenvolver. A recepcionista do hotel afirmou que eu e meu amigo brasileiro éramos os primeiros estrangeiros que ela tinha visto na vida.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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