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sábado, 19 de julho de 2014

A rivalidade Brasil x Argentina extrapolou as quatro linhas?







Especialistas temem que, depois da Copa, rixa com ‘hermanos’ vá além do mundo do futebol

Invasão. A presença em grande número de argentinos foi um dos destaques da Copa, mas provocações de parte a parte causaram tumultos. Preocupação é que rixa saia do futebol e intolerância prejudique relação entre os dois países Foto: AFP/TASSO MARCELO
nvasão. A presença em grande número de argentinos foi um dos destaques da Copa, mas provocações de parte a parte causaram tumultos. Preocupação é que rixa saia do futebol e intolerância prejudique relação entre os dois países - AFP/TASSO MARCELO

RIO e BUENOS AIRES — Eles começaram a chegar no início de junho, mas, em pouco tempo, reuniram-se aos milhares. Fizeram de quintal as areias de Copacabana e, aos gritos de “decime qué se siente”, tiraram sarro com os anfitriões da Copa do Mundo. Por outro lado, os brasileiros engrossaram as fileiras de torcedores de times como Bósnia e Irã, além da Alemanha na final, pelo simples fato de eles jogarem contra os vizinhos do Prata. O relacionamento com os hermanos, apesar de cordial na maior parte do tempo, teve episódios que mostraram o tamanho da rivalidade entre Brasil e Argentina, desde a “chuva de garrafas” na Savassi, em Belo Horizonte, às pichações deixadas pelos argentinos no sambódromo do Rio. Para especialistas, a animosidade, que já era grande, acentuou-se, e o temor é que a troca de farpas extrapole o universo do futebol.

— Não pode entrar no terreno da intolerância. A rivalidade ainda está dentro do futebol, mas tomou proporções exageradas. Se ficar nas relações jocosas, é saudável, coisa de torcedor — diz o sociólogo Ronaldo Helal, professor da faculdade de Comunicação da Uerj e coordenador do Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte. — Tivemos casos de brigas e confusões, mas foram isolados. A minha preocupação é que se julgue o todo pela parte.

O historiador Paulo Renato da Silva, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu (PR), explica que as disputas entre Brasil e Argentina têm raízes no período colonial. O primeiro grande conflito aconteceu em 1825, na Guerra da Cisplatina, conhecida no país vizinho como Guerra del Brasil. A construção da usina de Itaipu também causou discórdia na relação entre os dois países, mas é no futebol que a rivalidade entra com força em campo. Principalmente pelo lado brasileiro.

Para o trabalho de pós-doutorado, Helal esteve em Buenos Aires para analisar a narrativa dos jornais argentinos nas Copas do Mundo entre 1970 e 2006. O que encontrou causou certa perplexidade: uma exaltação ao “jogo bonito” brasileiro. Em 1994, por exemplo, o “Clarín” realizou uma pesquisa nas vésperas da final entre Brasil e Itália, e 60% dos entrevistados disseram torcer pela seleção brasileira. O mesmo jornal já teve Pelé como colunista e, em 1990, anunciou o ex-jogador como “o melhor da história”.

— De 1998 para cá, esse discurso vem mudando. Eles não faziam ideia de como eram tratados por nós quando o assunto é futebol. A nossa imprensa diz que ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é muito melhor. Com a internet, essas informações começaram a chegar por lá, e os argentinos tomaram consciência de que debochamos deles há décadas — diz Helal. — Em 2010, já comemoraram a derrota do Brasil para a Holanda. O sociólogo Pablo Alabarces tem a frase “os brasileiros amam odiar os argentinos, enquanto os argentinos odeiam amar os brasileiros”. Mas os argentinos estão começando a amar odiar os brasileiros.

‘A SUPERIORIDADE ESTÁ FERIDA’
Essa rivalidade se encerra no campo, ao menos por enquanto. É a opinião do sociólogo argentino Vicente Palermo, pesquisador do Conicet (Conselho Nacional de Investigações Científicas), que destaca: os argentinos têm uma imagem positiva do Brasil, um país tropical, com boa música e acolhedor.

— A superioridade brasileira está ferida, não sabemos como será a partir de agora. Mas não vejo essa rivalidade em outros âmbitos — diz Palermo. — No caso da rivalidade com os ingleses, por exemplo, o problema central são o colonialismo e a questão Malvinas. Mas com o Brasil não existe esse pano de fundo.

Ignacio Labaqui, professor da Universidade Católica Argentina, diz que a rivalidade entre brasileiros e argentinos ganhou mais visibilidade pela quantidade de torcedores que cruzaram a fronteira para acompanhar a Copa do Mundo, mas vê com naturalidade essa disputa.

— Em 78 a Argentina deixou o Brasil fora da Copa, em 82 o Brasil eliminou a Argentina, em 90 a Argentina eliminou o Brasil. No jogo de 82, na Espanha, Maradona foi expulso depois de dar um chute em Sócrates. São momentos que foram alimentando essa rixa — afirma Labaqui.

Parte dos desentendimentos pode ter sido causada por diferenças culturais. Ximena Simpson, brasileira casada com um argentino e pesquisadora da Universidade de San Martín, em Buenos Aires, diz que, enquanto o brasileiro é mais tranquilo e brincalhão, o argentino é mais irônico e brusco na hora de zombar.

— Sinto que os argentinos não esperavam uma reação dos brasileiros do jeito que foi. Como, para eles, as cantigas não eram ofensivas, ficou uma certa perplexidade do lado rio-platense frente à total falta de apoio dos brasileiros nos jogos. Para os brasileiros, foi um revide. Acho que o brasileiro se ofendeu, e o argentino não entende o porquê — diz Ximena.

O sociólogo e professor da Uerj Hugo Lovisolo, argentino radicado no Brasil há quase quatro décadas, enxerga na pinimba com os hermanos outras questões, que vão da formação da identidade nacional à geopolítica. Segundo ele, a torcida do brasileiro pela Alemanha causou estranhamento, não apenas pela derrota histórica na semifinal, mas por se tratar de um embate entre América do Sul e Europa.

— Será que o Brasil não está se distanciando da América Latina? — questiona Lovisolo. — O país não se vê como latino-americano, é como uma ilha dentro do continente.

MARADONA E PELÉ ALIMENTAM A RIXA

A implicância brasileira com o vizinho, diz o sociólogo, futebolisticamente não faz sentido nas últimas décadas. A última Copa do Mundo conquistada pela Argentina foi em 1986, e, desde então, o Brasil levantou a taça em 1994 e 2002, além de ter disputado a final em 1998. Para Lovisolo, a “broma” de comparar Maradona com Pelé atinge em cheio um símbolo formador da identidade nacional, e isso é parte da explicação para essa rixa.

— A identidade não é algo dado, é construída. Veja que sobre a Alemanha, mesmo com quatro títulos mundiais, ninguém diz que é o país do futebol. Fala-se do trabalho em equipe, da disciplina, da produtividade. O Brasil é o país do futebol e tem em Pelé o seu rei — afirma Lovisolo. — São dois lados de uma mesma moeda. Se o reinado do Pelé cai, o Brasil como país do futebol também pode cair.

O sociólogo vê com preocupação o acirramento da rivalidade visto de parte a parte durante a Copa do Mundo. Corroborando o estudo de Helal, Lovisolo afirma que do lado argentino não existia esse tipo de enfrentamento e chama atenção para a publicidade. É comum ver por aqui propagandas zombando dos vizinhos, como uma marca de cerveja fez em 2010, com campanha que chamava um torcedor com a camisa da Argentina de “maricón”.

— A publicidade reflete símbolos que estão presentes. Não vai chegar a uma guerra, mas temo que se torne uma relação menos entre irmãos e mais entre vizinhos, com um criticando o outro — diz.


Fonte:: http://oglobo.globo.com

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