No entanto, a quantidade de dinheiro deixada por turistas na economia carioca aumentou 25%
Criançada brinca o carnaval: entre 2004 e 2013, a quantidade de pessoas que visitaram a cidade durante a festa passou de 649 mil para 915 mil pessoas
Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os gastos da prefeitura do Rio com o carnaval de rua dobraram na gestão de Eduardo Paes (PMDB), de 2009 a 2013, comparado com a gestão Cesar Maia (DEM), entre 2004 e 2008. Analisando os dois períodos, a quantidade de dinheiro deixada por turistas na economia carioca, no entanto, aumentou 25%.
Os valores incluem tanto o repasse aos blocos de enredo e de embalo quanto gastos com aluguel de banheiros químicos. Entre 2004 e 2013, a quantidade de pessoas que visitaram a cidade durante a festa passou de 649 mil para 915 mil pessoas.
Segundo a Empresa de Turismo do Município do Rio (Riotur), vinculada a Secretaria Especial de Turismo do Rio, três tipos de blocos desfilam nas ruas da cidade. Os mais famosos são os blocos de rua que desfilam em diversos bairros da cidade e têm os custos com infraestrutura cobertos pela Ambev, patrocinadora do carnaval de rua desde 2010, como parte do Caderno de Encargos do carnaval.
Os blocos de enredo (que desfilam na Avenida Intendente Magalhães e, em última instância, no Grupo Especial das Escolas de Samba, na Marquês de Sapucaí) e de embalo (outros blocos que desfilam à noite na Avenida Rio Branco) recebem o repasse de verbas da prefeitura.
Na gestão de Maia, foram gastos R$ 3,07 milhões com os blocos de enredo e embalo, enquanto os turistas deixaram US$ 2,49 bilhões (R$ 5,43 bilhões, em valores da época). Desde que Paes assumiu a prefeitura da cidade foram desembolsados R$ 6,08 milhões para a festa, e os turistas deixaram US$ 3,11 bilhões (R$ 5,94 bilhões, em valores da época) circulando pela economia carioca.
Em 2009, primeiro ano do mandato de Paes, os valores foram empenhados na gestão de Maia: R$ 864 mil para organização da festa e US$ 528 milhões (1,07 bilhão) foram deixados na cidade.
A Riotur afirmou que os gastos são relativos a repasses de verba e montagem de infraestrutura para cerca de 30 blocos de enredo e quase 50 de embalo.
Também estão incluídas despesas com agentes da Guarda Municipal, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), da Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) e da Riotur que "atuam de forma a organizar a festa, buscando minimizar o impacto desses desfiles na vida do cidadão".
"Vale salientar que até 2009 a Prefeitura não investia e nem dava infraestrutura para os blocos de rua. A única movimentação nesse sentido era a contratação de apenas 700 banheiros químicos - que sequer tinham instalação prevista para os locais de maior movimentação de blocos. Com a atual administração (Paes) e os cadernos de encargos, temos hoje 21,5 mil banheiros químicos com planejamento detalhado de instalação", informou a Riotur, em nota.
GIGANTES. Em todos os anos, a maior beneficiada com os repasses foi a Federação dos Blocos Carnavalescos do Estado do Rio, que hoje tem 30 blocos de enredo filiados. Durante os cinco primeiros anos do levantamento, 78% da verba municipal era destinada à Federação.
Nos anos posteriores, a proporção baixou para 58,5%. Por outro lado, 2013, foi o ano de maior repasse com R$ 986,43 mil, contra R$ 400 mil, em 2004.
Responsável por 20 blocos, a Liga Independente dos Blocos de Embalo do Estado do Rio (Liberj) recebeu R$ 16 mil no primeiro repasse em 2006. Três anos depois, o valor saltou para R$ 228,85 mil, para a prestação dos mesmos serviços.
Tradicional bloco carioca, o Cordão do Bola Preta arrasta mais de um milhão de pessoas todos os anos e marca a abertura oficial do Carnaval do Rio. Na década, o repasse de verbas para a instituição aumentou cinco vezes: de R$ 15 mil, em 2004, para R$ 75 mil, no ano passado (sendo R$ 25 mil para o desfile de 2012 e R$ 50 mil como adiantamento para 2014).
"O Bola Preta recebe apoio para ajudar a manter seus custos - o desfile do bloco também conta com a logística bancada pelo patrocinador", garante a nota da Riotur.
Em 2008, o Bola Preta foi despejado da sede própria por acumular R$ 2 milhões em dívidas de condomínio. No ano seguinte, o bloco ganhou nova sede, doada pela secretaria de Estado de Transportes, na Lapa.
Outros blocos menores como Bafo da Onça, Cacique de Ramos também recebem verbas, porém esporádicas e menores. Segundo a Riotur, eles "fazem parte do grupo de blocos de embalo e, em algumas ocasiões, estiveram fora da associação - e por se tratarem de peças importantes na história do carnaval carioca, receberam ajuda financeira para ajudar no custeio de seus desfiles neste período".
O levantamento sobre os gastos da Riotur no Carnaval foi feito pelo gabinete da vereadora Teresa Bergher (PSDB), com base no Fincon, o sistema contábil e financeiro usado pela Prefeitura do Rio.
FOLIÕES. Desde 2010, a Riotur relaciona a quantidade de blocos de rua e de foliões (turistas e cariocas) que desfilam pela cidade. Naquele ano, o Rio comportou 3,5 milhões de pessoas em 465 blocos. O ápice foi no ano passado, quando 492 blocos arrastaram 5,5 milhões de foliões. Este ano, 457 blocos na cidade foram seguidos por 5 milhões de pessoas.
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