Trabalho da Prefeitura de Canoas deve durar cerca de 60 dias.
Hospital Nossa Senhora das Graças foi alvo de mandados de busca.
A Prefeitura de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, vai abrir uma auditoria para investigar supostas irregularidades no Hospital Nossa Senhora das Graças. Na quinta-feira (16), a instituição foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Civil. Agentes foram até a sala da direção do hospital em busca de prontuários de pacientes vítimas da máfia das próteses.
A Secretaria Municipal de Saúde do município diz que já solicitou os prontuários de todos os pacientes atendidos pelo médico, para que a comissão analise caso a caso. O trabalho deve durar cerca de 60 dias.
O cirurgião Fernando Sanchis era chefe da traumatologia do hospital. O médico é suspeito de falsificar documentos para pedidos de liminar para cirurgias.
Enquanto isso, a polícia analisa os documentos apreendidos em uma operação em seis cidades gaúchas. Tudo o que os policiais recolheram foi levado para o Departamento de Investigações Criminais (Deic), na capital.
“Um dos motivos da apreensão de todos esses objetos, que são notas fiscais, documentos que comprovam as fraudes dessas cirurgias e nos hospitais também dos prontuários médicos”, diz o diretor do Deic, Eduardo de Oliveira Cesar.
A operação que contou com a participação de mais de 100 policiais recolheu provas contra médicos, advogados e empresas distribuidoras de próteses. Foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Xangri-Lá, Pelotas e Rio Grande.
Como havia a suspeita de que três envolvidos no esquema viajariam para o exterior – um deles embarcaria nesta sexta-feira (15) para Miami, nos Estados Unidos –, a Justiça ordenou a apreensão dos passaportes.
"Tínhamos informações de que pelo menos três dos envolvidos estavam já com passagem marcada, inclusive com a data de hoje ou amanhã para o exterior”, afirmou o delegado Daniel Mendelsky, da Delegacia Fazendária.
Os bens do médico Fernando Sanchis, da mulher dele e de outros quatro médicos foram bloqueados pela Justiça. O cirurgião é suspeito de falsificar documentos para obter na Justiça liminares para a realização de cirurgias superfaturadas bancadas com dinheiro público. O pedido de prisão do médico e de uma advogada, no entanto, foram negados.
“Foi procurado os prontuários médicos com ordem judicial, com autorização judicial, e comprovantes de despesa e pagamentos para verificar se havia ciência dos envolvidos da empreitada criminosa. Existe um indício de prova de que havia conhecimento de todos os envolvidos nas atividades uns dos outros”, disse o delegado Mendelski.
Os policiais também fizeram buscas no hospital Dom João Becker, em Gravataí. Documentos foram recolhidos ainda em clínicas onde o médico atende na mesma cidade, em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre.
O apartamento de luxo de Fernando Sanchis em Porto Alegre também foi alvo da operação. Na praia de Xangri-Lá, no Litoral Norte do estado, os agentes vasculharam a casa do ortopedista, avaliada em cerca de R$ 11 milhões, em busca de documentos.
A operação também atingiu fornecedores de próteses, incluindo a Intelimed. Orçamentos dessas empresas eram utilizados em pedidos de cirurgia superfaturados, encaminhados por médicos e advogados à Justiça, como revelou a reportagem do Fantástico. Em apenas 14 desses processos, investigados pela polícia há quatro meses, o prejuízo aos cofres públicos chega a R$ 2 milhões.
O advogado de Fernando Sanchis, Diego Marty, disse que respeita as ações desta quinta-feira feitas pela polícia, na opinião dele estritamente técnicas. Ele ponderou que pediu ao delegado acesso ao inquérito para saber do que trata a investigação e quais crimes estão sendo atribuídos ao seu cliente. Giovani Grizotti Da RBS TV
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